Afastado no início do governo Dilma Rousseff após defender
penas alternativas para pequenos traficantes, o ex-secretário de Políticas
sobre Drogas e ex-secretário Nacional de Justiça Pedro Abramovay afirma que o
aumento nas apreensões de entorpecentes no País não se refletiu em diminuição
de violência.
Na última década, a quantidade de cocaína recolhida por
autoridades federais triplicou e a de maconha cresceu 50%. Porém, para o ex-secretário,
é preciso questionar se esse aumento está servindo para melhorar a vida das
pessoas.
“Como são avaliadas atualmente as políticas de drogas no
Brasil? Pelo número de apreensões e de presos. Nesse quesito o Brasil está
ótimo, mas será que isso melhora a vida de alguém?”.
Segundo ele, o fato de as apreensões estarem aumentando
junto com o consumo mostra que o trabalho da polícia está na direção errada.
”O resultado deveria ser as pessoas consumindo menos e não
mais.”.
De acordo com o ex-secretário se a política sobre drogas não
mudar, as autoridades vão continuar “enxugando gelo”.
“As pessoas ficam muito fechadas na missão a que foram
designadas e ninguém pensa em enfrentar o problema. Apreensão e prisão não são
resultados completos. É necessário olhar para esses números e pensar. A gente está
prendendo pessoas erradas e essas prisões não significam golpe no crime
organizado.
A polícia deveria deixar de olhar para pequenos e ter estratégia
macro.”
Cerca de um ano depois de Abramovay deixar o governo, após a
polêmica causada por uma entrevista em que defendeu penas alternativas para
pequenos traficantes, o Senado publicou uma resolução (nº5/2012) que vai
justamente na direção do que propunha o ex-secretário. O texto se baseia em
decisões anteriores do STF (Supremo Tribunal Federal).
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