No dia 19 de maio de 2012, quase duzentos ativistas saíram
pelas ruas de Petrópolis cantando e defendendo a legalização da maconha. É importante registrar que, durante a ditadura militar, era
em Petrópolis que ficava uma das casas mais tenebrosas daquele Estado
Torturador, chamada "Casa da Morte". Até hoje, esse inferno na terra
não virou o "Museu da Morte", onde todos os moradores de Petrópolis e
do mundo vão poder conhecer a verdade sobre a ditadura militar brasileira.
Petrópolis é uma linda cidade histórica, de clima
maravilhoso, onde vivem pessoas tranquilas e companheiras. Na cheirosa Serra, a
irmandade petropolitana construiu a primeira Marcha da Maconha Imperial. Mas é
importante consignar que pessoas de extrema direita, que participaram
diretamente da ditadura militar, sujando ou não as mãos, continuam vivendo por
lá e não devem ter ficado nada satisfeitas com a Marcha da Maconha Imperial. A
maconha é a voz da liberdade, que acumula as lutas contra a escravidão e contra
a ditadura militar e, por isso, causa tanta hipócrita indignação. Ativistas da
Marcha da Maconha de Petrópolis, nosso máximo respeito!
Logo na concentração, na Praça da Inconfidência, defendi, ao
megafone, que a Marcha é uma teia de muitas redes, como a do Smoke Buddies, que
ajudou muito na construção daquela primeira Marcha.
Dentre as diversas redes,
temos aqueles que defendem a maconha para fins industriais. Como também defendo
seus fins industriais, lembrei que Petrópolis era um histórico pólo da
indústria têxtil de algodão e de comércio de roupas. Com a legalização da
maconha, Petrópolis poderia se tornar também um pólo de produção e comércio de
roupas feitas de cânhamo. Portanto, a Marcha da Maconha estava ali para
defender o desenvolvimento sustentável da cidade com foco nesta importante
matéria prima.
A surpresa da Marcha foi a decisão, na véspera, do MM. Juiz
da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Petrópolis, que proibiu a
participação de crianças e adolescentes, acompanhados ou não de seus
responsáveis. Segundo as palavras do próprio magistrado, a decisão visava
“resguardar a integridade psicológica destes jovens, ainda em fase de formação
de suas convicções, as quais devem ser desenvolvidas de forma livre”. Tendo
recebido a notificação judicial, o ativista Raphael, sob nossa orientação,
ficou registrando ao megafone a proibição para evitar que ocorressem prisões.
Conversamos com as autoridades acerca da dificuldade do
cumprimento de tal decisão, e que o tema inclusive havia sido debatido pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito
Fundamental nº 187, quando o Ministro Luiz Fux defendeu tal proibição, mas logo
reconsiderou sua posição diante da discordância de todos os demais Ministros
naquele julgamento.
Como o Juiz que deu a ordem não estava presente,
organizadores, policiais, comissário e o Promotor de Justiça cumprimos sua
decisão, repetindo-a ao megafone, com a tolerância que merece a ordem para um
evento na rua. O ponto alto da Marcha da Maconha foi quando o Promotor de
Justiça me declarou que estava ali para garantir a realização do evento.
Assim, saiu a primeira Marcha da Maconha Imperial pelo
centro histórico da Monarquia brasileira cantando, com sua irreverência
característica e o máximo respeito: "Ei Dom Pedro / primeiro maconheiro!”.
ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha
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2 comments:
Mandou bem André, é isso aí, a legalização é certa, é tudo uma questão de tempo e esforço.
Máximo respeito pelos ativistas petropolitanos! Muito legal o post!
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