Toda terça-feira, Breathes publica no jornal “Westword”, de Denver, a crítica de um “dispensary”, como são conhecidas as lojas autorizadas a vender maconha para fins medicinais dos Estados Unidos. “Eu conheço cannabis há muito tempo, então entendo como ela deve ser apresentada”, explicou Breathes, em entrevista ao G1. “Avalio os sabores da maconha, que podem variar muito. Assim como acontece com vinho, há notas de sabores em cada tipo de maconha”, disse.
Além disso, segundo ele, é importante explicar como a planta é apresentada pela loja, a limpeza do local, o serviço prestado. “Procuro ver se a planta vendida por essas lojas é limpa, livre de mofo, livre de insetos. E falo também sobre a forma como a maconha me afeta”, disse. Segundo ele, é preciso pensar no serviço oferecido aos pacientes que precisam da maconha, muitos dos quais já são idosos ou estão com a saúde muito debilitada.
Como se fossem restaurantes
Mais de cem mil pessoas têm o direito de consumir maconha para fins medicinais no Colorado, nos Estados Unidos. A legalização deste tipo de consumo fez com que o número de lojas autorizadas a vender a maconha para pacientes com licença médica crescesse muito desde 2009, quando o governo federal anunciou que não processaria os usuários onde o governo local permitisse o uso medicinal. Atualmente, há mais de 300 lojas autorizadas a vender legalmente maconha em Denver, capital do estado.
“O jornal percebeu que seria necessário avaliar o serviço dessas lojas, analisar como se faz avaliação de restaurantes, por exemplo”, explicou Breathes. Ele contou que o “Westword” pôs um anúncio buscando um crítico de maconha, e que e isso chamou muita atenção. “Eu me candidatei, por ser jornalista e ser um paciente usuário de maconha medicinal, então fui escolhido”, disse.
Além de escrever uma crítica semanal, Breathes acompanha as notícias relacionadas ao uso de maconha e sua legalização no estado, escrevendo reportagens sobre o assunto e publicando posts diários em seu blog no site do jornal.
Assim como críticos de restaurantes, Breathes não revela seu nome verdadeiro para evitar ser reconhecido. Ele diz que suas críticas têm muito retorno dos leitores, sempre abrindo debate a respeito da qualidade da maconha vendida no estado. “Alguns donos de lojas também me procuram, às vezes reclamando de uma crítica mais negativa”, disse.
Antes de Breathes, apenas publicações setorizadas e alternativas faziam análises de maconha, e o Westword foi o primeiro jornal da chamada grande imprensa a ter avaliações da maconha medicinal. Além dele, outros jornalistas estão começando a escrever críticas de maconha tanto em Denver como em outros Estados onde a venda e o consumo são legalizados, como na Califórnia.
Melhor emprego
Segundo o site americano de jornalismo e humor “Gawker”, Breathes tem o melhor emprego do jornalismo dos Estados Unidos. “Fiquei muito lisonjeado. O trabalho realmente é divertido, e acho que qualquer pessoa que trabalhe escrevendo resenhas sobre coisas de que goste vai achar que tem o melhor emprego do mundo. Eu realmente gosto desse assunto”, disse Breathes.
Ele explicou que tem a licença para consumir maconha medicinal por conta de problemas estomacais. “Lido com dores de estômago há 12 anos, e há quatro anos eu tenho uma licença médica para comprar e consumir maconha para combater este problema. Cannabis melhora minha náusea”, explicou.
Ele admite que o consumo da droga diariamente pode afetar seu comportamento e seu trabalho, mas explicou que o consumo medicinal se dá em pequenas quantidades. “Sem dúvida há graus de efeitos da maconha. Claro que pode afetar meu comportamento, mas isso depende da quantidade que vai ser consumida. O uso que faço por questões de saúde é muito pequeno e não fico alterado, consigo funcionar e isso não atrapalha meu trabalho. O efeito só é maior quando fumo para fins recreativos.”
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