Como de costume, o Maconha da Lata investe em entrevistas
para cada vez mais informar o nosso leitor sobre o universo da Cannabis. No
bate-papo de hoje, tivemos o prazer de conversar com o autor do livro “Canabis
Anonymous”, Mário Márcio Pelajo, que expôs seus pontos de vista sobre este tema
tão polêmico. Nesta conversa, Pelajo focou bastante nos benefícios da planta,
como seu grande valor sustentável. Não deixe de conferir! Boa leitura!
Qual foi a principal motivação para que você resolvesse
escrever o livro Canabis Anonymous e disponibilizasse a obra pela internet?
Desde criança sempre fui muito questionador, acho que por
natureza. Tive uma educação de bastante qualidade, pois estudei nas melhores
escolas da zona norte do Rio de Janeiro, mais precisamente nos bairros do
Grajaú e do Méier. Isso só foi possível graças a tamanha dedicação e esforço
dos meus pais. Tive uma educação de base quase que impecável, sendo sempre um
dos melhores alunos da turma. Isso contribuiu para minha facilidade na
expressão escrita. Paradoxalmente sou bastante tímido até hoje, inclusive tenho
ainda algumas dificuldades em me expressar em público. Acredito que isso
contribuiu ainda mais para meus auto-questionamentos, ao longo da minha vida.
Sempre fui muito quieto. Sempre gostei muito de ouvir. Apesar de minha formação
na área exata, tenho grande atração por assuntos como História, Geografia,
Política, Economia, Cultura e meio-ambiente. Chegou um certo momento da minha
vida, há uns 3 ou 4 anos atrás, em que estes assuntos se entrelaçaram na minha
cabeça e eu percebi que a canábis tinha e tem relações com praticamente todos
os problemas que vivemos, sendo inclusive, a grande solução direta e indireta
para a maioria esmagadora deles, inclusive os mais importantes.
Para você, qual o principal motivo para a proibição da
Maconha?
Uma espécie de escravidão do futuro, para possibilitar a
concentração de renda na sociedade, pois a canábis é totalmente
desconcentradora de renda. Suas propriedades são praticamente infinitas,
baratas e naturais. Isso gera um efeito cascata na economia que só uma nova
matéria-prima é capaz de fazer. Os maiores prejudicados seriam os grandes
conglomerados econômicos que teriam que competir também com os novos pequenos e
médios produtores de tecidos, remédios, combustíveis e fumo recreativo, dentre
uma infinidade de outros produtos. Na verdade é até muito difícil encontrar
algum produto que não possa ser fabricado a partir da canábis como matéria-prima.
Este é o único motivo, que ao longo de décadas impactou na desinformação total
da sociedade.
Quando se fala em descriminalizar ou mesmo legalizar a
Maconha, existe algum país que você creia que pode servir de modelo para o
Brasil?
Não. Todos os países do mundo, na minha opinião, estão muito
longe do ideal. Eu acredito que o principal é que a planta seja usada como
matéria-prima em seus infinitos possíveis fins, em benefício de toda a
sociedade. Isso é o principal. Descriminalizar é importante, já é um primeiro
passo rumo ao caminho certo. Mas é apenas o início da busca de regras para seu
amplo uso. Isso com o tempo será inevitável, proporcional à consciência da
população.
Explique como a legalização da maconha poderia
influenciar nas políticas e na economia mundial, principalmente em países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento:
A legalização regulamentada seria muito impulsionante para
os países subdesenvolvidos. É uma grande geração de riqueza natural ao alcance
de todos, ricos, médios e pobres. Basta ter um espaço. É possível até mesmo em
apartamentos. Mas os imóveis rurais ficariam bem atraentes. A arrecadação
governamental aumentaria muito e, se a legalização regulamentada tiver as
premissas corretas, como por exemplo a estipulação de uma porcentagem mínima
diretamente para a educação como forma de estímulo à prevenção de todas as
drogas e ao desenvolvimento de novas tecnologias. Quanto à economia, seria a
Quarta Revolução Industrial, como uma re-estruturação total do capital e
consequentemente do poder, público e privado, no curto, médio e longo prazos.
Muito se relaciona a Cannabis à sustentabilidade. Em
linhas gerais, quais os benefícios para o planeta se resolvermos estimular o
plantio de Cannabis?
Este ponto é muito interessante, pois está totalmente claro
que a humanidade está totalmente perdida neste
assunto, e a verdade é que a
produção obsessiva é considerada muito mais importante do que a preservação do
meio ambiente. Há os que digam que para se preservar o meio ambiente é necessário
reduzir a produção, ou seja, os dois assuntos são inversamente proporcionais.
Essa afirmação é falaciosa, pois com os exemplos das propriedades da canábis já
percebemos que podemos muito bem conciliar os dois assuntos. A verdade é que a
legalização seria um grande impulso para a preservação do ambiente em que
vivemos, deixando um mundo melhor para os nossos descendentes. A primeira
vantagem é a menor área de plantio necessária para produzir a mesma quantidade
de combustível ou manufaturas. Isso já disponibilizaria terreno para plantar
mais combustível ou até mesmo outras coisas, como alimentos, cana-de-açúcar e
soja. Com a entrada da canábis no mercado, os outros tipos de plantio podem
muito bem continuar ou aumentar. Isso seria também um grande passo para o fim
do desmatamento, que ocorre hoje principalmente por causa da dificuldade de
aumentar as safras, em virtude do espaço, onde os grandes empresários do ramo
invadem as áreas de floresta nativa para obtenção de solo. O aumento de safras
sofre uma grande pressão governamental anualmente, diga-se de passagem. O
desmatamento reduz a qualidade do ar que respiramos. A canábis é adaptável a
climas quentes e frios. Nos climas quentes temos a vantagem de colher uma
quantidade maior de safras, enquanto nos climas frios a vantagem de colher
fibras com mais biomassa e mais resina. As vantagens de plantio nos climas
quentes são maiores, no geral. A extração de madeira não seria mais necessária,
pelo menos com essa grande demanda que temos hoje, pois a canábis, como já
vimos, é uma matéria-prima muito superior à madeira provida dos eucaliptos, que
são as árvores utilizadas para extração de madeira. O ciclo da canábis é bem
menor que o do eucalipto, durando cerca de noventa a cento e vinte dias, algo
parecido com a cana-de-açúcar mas, bem inferior aos outros concorrentes. A
biomassa da canábis é maior que a de todas as outras plantas do mundo. As
safras de canábis poderiam ser muito mais frequentes, principalmente se a
tecnologia evoluísse ainda mais com a legalização regulamentada. A sazonalidade
não teria tanto impacto assim, em virtude do tempo, da área necessária e dos
mecanismos utilizados em cada safra, que são bem menores e/ou melhores. Outro
ponto bem interessante é que para o plantio de canábis não é necessário qualquer
tipo de pesticida, herbicida ou agrotóxico, acabando com a contaminação no solo
proveniente destes produtos que são produzidos através do petróleo. A canábis
não contamina o solo como todos os outros plantios, pois necessita apenas de
pequenas doses de fertilizantes. Estas substâncias contaminam o solo, a água e
os alimentos que todos nós consumimos, colocando em risco nossa saúde há muito
tempo. Existem muitos outros benefícios, quando falamos em meio ambiente. A
Erosão poderia ser combatida pela regeneração do solo. É muito interessante o
fato de a canábis ser regeneradora do solo, portanto pode ser usada como
regeneração verde da terra, no caso de outros tipos de plantações ou erosões.
Pode afastar pragas e funcionar como barreira para elas entre campos de
cultivo. A canábis possui um tipo de raiz que cresce para o fundo, à procura de
estabilização. É possível o plantio com raízes bem próximas uma da outra.
Qual o papel educacional do Estado diante de uma possível
legalização da Maconha?
Esse tema deverá ser muito bem controlado pelo Estado,
principalmente pelo fato de que, como já vimos, a ingestão de canábis por
menores de idade é um grande problema para o mundo, socialmente e
intelectualmente. Teoricamente, o governo não quer que nenhuma substancia
maléfica seja ingerida pela população, e está provado cientificamente que
canábis faz mal para saúde, principalmente para menores de dezoito anos. Por
isso devemos investir em prevenção de drogas nas escolas, ao invés de investir
no ensino religioso, que mais parece uma escolha individual, e não para toda a
sociedade. Agora, o traficante não, ele é o maior interessado em não haver
qualquer tipo de regra para o consumo, como na prática hoje não há. O
traficante vai fazer de tudo para os nossos filhos ficarem viciados. Por isso,
com a canábis legalizada e regulamentada, quem toma conta do assunto é o
governo, controlando o acesso a substância.
Porque quais motivos você acredita que a medicina
brasileira seja ainda muito contrária ao uso da maconha?
Os cursos de medicina, por todo o mundo, possuem uma
quantidade muito pequena de disciplinas relacionadas à nutrição e botânica, com
muito pouco tempo destinado a esses aprendizados tão importantes. Existem três
motivos que fazem com que os médicos não receitem a canábis como medicamento. O
primeiro é o fato de que eles sofrem as mesmas influências que nós sofremos,
cotidianamente, com informações falsas ou tendenciosas. A segunda razão é
histórica, pois médicos ocidentais não tem o costume de receitar fitoterápicos,
que é uma prática mais atrelada à medicina oriental. A terceira é a lei, pois
muitos sabem das propriedades terapêuticas, mas sentem medo de repressões.
Pergunte sobre o assunto ao seu médico, alguns já estão mais abertos ao diálogo
sobre o tema.
Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Maconha
da Lata:
Aos amigos do Maconha da Lata, deixo meus sinceros votos de
muita sorte, amor e dedicação, na certeza que muitas portas no futuro se
abrirão para toda a sociedade.
3 comments:
Pô, já que vocês anunciaram que ele disponibilizou o livro dele pela internet, custava por o link para download?
nao custa nada nao!! foi puro esquecimento nao colocar o link na entrevista::
http://issuu.com/mmpelajo/docs/canabisanonymous_universodoautor
Acontece ! Kkkk
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