Fernando Henrique Cardoso esteve na quarta-feira passada em Varsóvia,
junto com a Comissão Global de Política sobre Drogas (CGPD), onde o sociólogo
exerce o cargo de presidente da instituição, para decretar o fracasso da Guerra
às drogas, idealizada e patrocinada ao longo de décadas pelos Estados Unidos.
"A guerra mundial contra as drogas está propagando a
pandemia de Aids entre as pessoas que usam drogas" e que relutam em
procurar tratamento por medo de serem presas, declarou esta comissão em um
comunicado divulgado durante uma reunião a respeito do impacto das drogas sobre
a saúde pública no Leste Europeu.
"As medidas repressivas e de criminalização tomadas
contra os produtores, os traficantes e consumidores de drogas ilegais, além de
caras, claramente fracassaram em reduzir a oferta e o consumo", acrescentou.
Segundo a CGPD, a produção global de substâncias derivadas
do ópio, tais como a heroína, aumentou mais de 380% em 30 anos, passando de
"mil toneladas em 1980 para mais de 4.800 toneladas em 2010", apesar
do forte aumento dos meios utilizados para combater o tráfico de drogas.
Fernando Henrique Cardoso pediu aos governos que "experimentem
diferentes formas de regulação de drogas como a maconha, como já foi feito com
o tabaco e o álcool". Ao ressaltar que regular não significa legalizar,
ele defendeu "todos os tipos de restrições e limitações à produção, ao
comércio, à publicidade e ao consumo de uma substância, para retirar todo o seu
prestígio, desencorajar a sua utilização e para controlá-la". "Os
viciados podem fazem mal a si mesmo e às suas famílias, mas não é prendendo que
vamos ajudá-los", acrescentou.
O ex-presidente colombiano César Gaviria acredita que a
solução seria "pegar o orçamento (anti-drogas) que os países gastam nas
prisões e na polícia, para injetar na prevenção". "Na Colômbia, em
Medellín e Bogotá, por exemplo, agimos em campanhas de prevenção (...) com as
famílias, com os professores, que são igualmente favoráveis à prevenção",
afirmou à imprensa, ressaltando os progressos registrados nas cidades dominadas
pelos cartéis.
Entre os membros desta comissão, figuram além do
ex-presidente do Brasil e do México, personalidades como o escritor peruano
Mario Vargas Llosa e o diretor do grupo Virgin, Richard Branson.
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