A cannabis convive com o homem desde a descoberta da
agricultura no Velho Mundo e foi a primeira planta a não ser cultivada somente
como alimento. Sabe-se que a planta já era usada sob forma medicamentosa na China
no ano 7000 a.C. Na Índia, a mesma era grandemente utilizada para curar prisão
de ventre, malária e dores menstruais. As propriedades têxteis da Cannabis
sativa fizeram com que sua fibra fosse muito aproveitada pelos romanos e gregos
na fabricação de tecidos e papel.O cultivo da planta foi difundido pelo Oriente
Médio, Europa e outras regiões da Ásia.
Na Renascença, a maconha era um dos principais produtos da
Europa; os livros de Johannes Gutemberg, o inventor da imprensa, eram feitos de
papel de cânhamo.
A maconha foi levada para a África e para a América pelos
europeus. Na América do Sul, as primeiras plantações da Cannabis sativa foram
feitas no Chile, pelos espanhois. No Brasil, a mesma foi trazida pelos escravos
africanos (fumo d'angola) e pelos próprios colonizadores portugueses.
Foi justamente o potencial medicinal da cannabis que levou a
Igreja a se posicionar contra a planta. E, 1484, o papa Inocêncio VIII
considerou o consumo da maconha como sacrilégio, porque a erva era usada pelos
curandeiros que eram perseguidos pela Inquisição.
Ignorando a ordem do Papa, Pedro Álvares Cabral trouxe
sementes de cannabis para o Brasil, bem como fez a Inglaterra em uma de suas
colônias no Caribe, hoje conhecida como Jamaica.
Em 1670, a Coroa inglesa invadiu a Jamaica e levou uma grande
quantidade de escravos para lá, para transformar a ilha numa grande plantação
de cannabis e garantir sua autossuficiência em cânhamo.
O cânhamo teve um papel decisivo no poderio econômico dos
países europeus que se aventuram nas Grandes Navegações do século XVI.
Em 1783, Portugal instala no Brasil a Real Benfeitoria de
Linho Cânhamo, que visava a atender a demanda internacional por essa fibra.
No Brasil, por volta do século XIX, iniciaram-se proibições
específicas do pito do pango (cachimbo de maconha). A criminalização da
cannabis por meio de leis iniciou-se em 1921. Em 1930, a repressão aumenta, com
prisões e queima de plantações. Por ter características socializadoras, já que
a maconha costuma ser consumida em grupo, contribuía para a manutenção de
certas tradições africanas em solo nacional, o que o poder central não queria.
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