Nos últimos seis anos, ocorreram no México mais de 47 mil
assassinatos relacionados ao tráfico de drogas. O número de mortes foi de
2.119, em 2006, para cerca de 17 mil, em 2011. Em 2008, o Departamento de
Justiça estadunidense advertiu que as OTDs (Organizações de Tráfico de Drogas),
vinculadas a cartéis mexicanos, estavam ativas em todas as regiões dos Estados
Unidos. Na Flórida atuam máfias associadas ao cartel do Golfo, aos Zetas e à
Federação de Sinaloa. Miami é um dos principais centros de recepção e
distribuição de de cocaína, Maconha e Heroína. Além dos mencionados, outros cartéis, como o de Juárez
e o de Tijuhana, operam nos Estados Unidos.
Os cartéis do México ganharam maior força depois que
substituíram os colombianos de Cali e Medellín nos anos 1990 e controlam agora
90% da cocaína que entra nos Estados Unidos. O maior estímulo ao narcotráfico é
o alto consumo estadunidense. Em 2010, uma pesquisa nacional do Departamento de
Saúde revelou que aproximadamente 22 milhões de estadunidenses maiores de 12
anos consomem algum tipo de droga.
Esses, que são apenas alguns dos mais inquietantes dados
estatísticos, permitem questionar a eficácia da chamada “guerra contra as
drogas”. É impossível crer que exista realmente uma vontade política para por
fim a este flagelo universal quando observamos o papel desempenho o
narcotráfico a serviço da contra-revolução, para a expansão das transnacionais
e para as ambições geopolíticas dos Estados Unidos e outras potências.
As administrações estadunidenses durante os anos 1980 e 1990
apoiaram a governos sul-americanos envolvidos diretamente no tráfico de
cocaína. Durante a administração Carter, a CIA interveio para evitar que dois
dos chefes do cartel de Roberto Suárez (rei da cocaína) fossem levados a juízo
nos Estados Unidos. Ao ficar livres, puderam regressar à Bolívia e atuar como
protagonistas no golpe de estado de 17 de julho de 1980, financiado pelos
barões da droga. A sangrenta tirania do general Luis García Meza foi apoiada
pela administração de Ronald Reagan.
A participação mais conspícua da administração Reagan no narcotráfico
foi o escândalo conhecido como “Irã-Contras” cujo eixo mais propagandeado foi a
obtenção de fundos para financiar o conflito nicaragüense mediante a venda
ilegal de armas ao Irã, mas está bem documentado, ademais, o apoio de Reagan,
com este mesmo propósito, ao tráfico de cocaína dentro e fora dos Estados
Unidos.
O jornalista William Blum explica essas conexões em seu
livro “Rogue State”. Na Costa Rica, que servia como Frente Sul dos “contras”
(Honduras era a Frente Norte) operavam várias redes “CIA-contras” envolvidas
com o tráfico de drogas.
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