O Uruguai vinha sendo um dos países mais vanguardistas da
América Latina, principalmente depois de apresentar um projeto para a
regulamentação da maconha. Contudo, o novo paradigma que tinha causado um
verdadeiro agito nos países vizinhos e na ONU, parece que vai passar por um
momento de estagnação, uma vez que o presidente do Uruguai, José Mujica, disse
que a população ainda não está madura o suficiente para encarar tal mudança.
"A decisão não está madura, por isso a freei. Não vamos
votar uma lei, porque temos maioria no Parlamento. A maioria tem que estar na
rua. As pessoas têm que entender que ao colocar os usuários na prisão só
estamos dando um presente ao mercado do narcotráfico. Vamos levar o projeto de
forma suava", disse o presidente.
O projeto apresentado pelo governo uruguaio em junho era uma
reformulação de outro introduzido no Parlamento por um membro da oposição, que
contemplava a legalização do auto cultivo da maconha. O governo queria que o
Estado fosse o único produtor e vendedor da substância, mas depois aceitou
legalizar o cultivo próprio.
O interesse da população pela questão da maconha começou há
um ano, quando a argentina Alicia Castilla, de 68 anos, foi presa por ter 29
pés de cannabis em casa. Ao jornal espanhol "El País", Alicia disse
não estar surpresa com a decisão de Mujica.
"O projeto foi desde o início um festival de
improvisação. Só queriam desviar a atenção ao que estava acontecendo com a
Pluna, que faliu. Há quatro meses, não se falava em outra coisa no país que não
maconha. Vieram jornalistas de todo mundo para me entrevistar e entrevistar
Mujica. Acho que tinha algo muito pessoal no protagonismo que Mujica
tomou", disse ela.
Na verdade, o projeto se encontra em fase de estudo no
Parlamento. Ele implica a criação do Instituto
Nacional de Cannabis (Inca) e
autoriza o Estado a assumir "o controle e a regulação de atividades de
importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento,
comercialização e distribuição de cannabis ou seus derivados".
"A lei era inviável", opina Alice Castilla.
"Você precisava se registrar para cultivar, só seria permitido plantar
seis pés e não poderia cultivar mais de 40 gramas. Como pretendiam controlar?
Alguém do Institudo de Cannabis ia casa a casa para pesar? Quando? A planta
você corta e está úmida, cheia de seiva. Em dois meses, perde 40% do
peso".
0 comments:
Postar um comentário