Hoje me deparei com uma destas correntes que se propagam
cada vez mais no facebook, que mostrava os malefícios da ingestão de
refrigerante, demonstrando algumas substâncias essenciais para a fabricação do
mesmo, mas que são altamente cancerígenos, além de causar outros males para a
nossa saúde. Diante disso, em um longo devaneio, comecei a pensar como é tênue
a linha que divide o que é uma droga lícita e uma droga ilícita. Com ideias
surreais, comecei a brincar de imaginar e me perguntei: e se o refrigerante
fosse proibido?
Imagine só, aquele refrigerante de domingo no almoço sendo
tratado como desvio de caráter pela sociedade, ou, permitam-se imaginar as
pessoas saindo de botecos ou padarias com seu refrigerante 2 litros escondidos,
com medo de tomar uma dura policial e ser tratado como um bandido por ser um
beberrão desta mistura gaseificada altamente cancerígena, mas que tem uma grande
demanda para ser saciada. O quanto é utópico, mas engraçado, se as padarias
botecos e qualquer estabelecimento que hoje vende refrigerante estivessem
sujeitos a pegar uma pena de prisão de até 15 anos, por tráfico de refri, pois
já que ele é cancerígeno, por consequência, seria um atentado à saúde pública.
E aquele conservador sempre diria: “temos que endurecer a fiscalização na
fronteira.”
A lei então diria que portar, guardar, compartilhar e mais
blá blá blá litros de refrigerante seria configurado como um crime hediondo e o
cidadão que fosse preso, coitado, sem ser bandido, apenas um viciado em
refrigerante, seria tratado como um criminoso, porque foi pego com 8 litros de
Coca Cola e isso são indícios de distribuição de substância que atentam à saúde
da nossa sociedade, principalmente das nossas, criancinhas, que cada vez ficam
mais viciadas e obesas com esta substância maligna, que com toda certeza veio
do inferno, pois uma coisa ruim dessa só pode ser do diabo, tinhoso, demônio, lúcifer
ou de qualquer que seja o nome desta praga.
Nesta altura do campeonato você pode me perguntar o porque
de um exemplo esdrúxulo como este. A resposta é simples, pois em se tratando da
proibição da maconha, os argumentos sempre são os mesmos dos conservadores,
como aumento de usuários, a proibição se justifica pois a maconha faz mal,
fumar maconha é coisa de bandido, maconha é a erva do capeta, maconha isso,
maconha aquilo, e no final, o que separa esta divisão hipócrita da sociedade é
apenas uma linha muito tênue do que é lícito e do que é ilícito, sendo que a
grande diferença são que aquelas ilícitas ganham um alto preço no mercado negro
e financiam objetivos obscuros e criminosos.
Por isso, quando o debate é principalmente sobre drogas, sobram
preconceitos, religiosos, mocinhos, defensores da moral e do bem estar, e ao
contrário do que deveria ser, falta muita objetividade, levando em conta as
verdadeiras questões históricas, científicas, antropológicas, químicas e todas
as outras vertentes da ciência, para discutir pontos de vistas que verdadeiramente são
importantes, que vão nos mostrar que principalmente a proibição da maconha é
uma questão econômica, xenófoba, cultural e racista; e que quando estamos falando de drogas
em geral, vemos que ela é muito menos prejudicial para a sociedade quando
adotamos táticas de redução de danos, do que manter este banho de sangue e de
desperdício de recursos econômicos pregado pelos EUA, chamado guerra às
drogas.
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