quarta-feira, 25 de julho de 2012

Advogado da Maconha também já foi guerrilheiro, aperta 13420 (Por Dr. André Barros)


Escrevo esse texto inspirado em foto inédita da tia Verinha publicada no site: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=189236

Com apenas 3 anos de idade, participei do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Minha tia Verinha foi a única mulher que integrou a ação armada do histórico sequestro, no dia 4 de setembro de 1969, na rua Marques, em Botafogo, ao lado de onde hoje fica a Cobal Humaitá. Com sua beleza e inteligência ímpares, aos 19 anos de idade, ela me levou à primeira ação, fingindo que era minha babá, tendo ganhado assim a confiança do segurança da embaixada. Mais tarde, me contou que não me levaria numa ação tão perigosa por mais de uma vez. No dia seguinte, foi sozinha e o segurança a colocou dentro da casa do embaixador, onde fez todo o levantamento e concluiu que o sequestro era fácil de acontecer, pois as circunstâncias eram totalmente favoráveis. Os seguranças do embaixador eram amadores, seu trajeto era realizado sempre no mesmo horário, pelas mesmas ruas, em carros que não eram blindados.

Muitos presos políticos estavam sendo torturados nos porões da ditadura e Vladimir Palmeira, o maior líder estudantil na época, estava na mesma terrível condição. A ação foi realizada para soltá-lo, mas 14 líderes políticos também foram incluídos na lista e uma carta-manifesto foi lida para todo o país em 1969 no Jornal Nacional da Rede Globo, aliado da Ditadura Militar no período mais terrível dos anos de chumbo.

A ação foi brutalmente reprimida pelo regime militar, que então baixou o Decreto-Lei 898/69, autorizando a prisão de qualquer pessoa por um policial durante 30 dias, ficando incomunicável por 10 dias. Esta lei comprova que a tortura foi uma política de Estado da Ditadura Militar.. Durante esses 30 dias, milhares de militantes de esquerda foram torturados e assassinados com a cobertura desta lei.

A ditadura anistiou inconstitucionalmente torturadores e seus agentes continuaram trabalhando livremente nos órgãos de repressão do Estado. Por isso, a tortura escravocrata permaneceu na ditadura militar e até hoje faz parte da política institucional de um Estado que continua torturando com apoio da cultura da mídia de massa e as estatísticas de uma sociedade de mercado.
Embora jamais tenha sido usuária, minha saudosa tia Verinha incentivava a nossa luta pela legalização da maconha, pois entendia que toda a liberdade faz parte da resistência à opressão de um sistema hipócrita que visa controlar e punir os corpos. Sua luta foi punida com a prisão e a tortura brutal, de forma semelhante aos negros submetidos aos grilhões de nossas raízes monarquistas escravocratas.

Assim, a democracia é uma grande conquista de todos que morreram e foram torturados na ditadura militar. Queimar o voto é o maior vacilo histórico, pois votar é o maior barato!


ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha e candidato a Vereador com o número 13420

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FONTE: http://maconhadalata.blogspot.com

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